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Kleiton & Kledir resumem 50 anos de música em afetuoso show no Rio
18/09/2025
(Foto: Reprodução) Kleiton (à frente, ao violino) e Kledir iniciam o show com o tema instrumental 'Couvert artístico'
Marcelo Castello Branco / Divulgação
♫ OPINIÃO SOBRE SHOW
Título: Kleiton & Kledir
Artista: Kleiton & Kledir
Data e local: 16 de setembro de 2025 no Teatro Ipanema (Rio de Janeiro, RJ)
Cotação: ★ ★ ★ ★
♬ Se levado em conta que o grupo sulista Almôndegas entrou oficialmente em cena em 1975, os irmãos Kledir Alves Ramil e Kleiton Alves Ramil já contabilizam 50 anos de carreira.
No show que eles vêm apresentando no Teatro Ipanema ao longo deste mês de setembro de 2025, dentro do projeto Terças no Ipanema, os cantores, compositores e músicos gaúchos resumem essas cinco décadas de carreira em show charmoso, valorizado pela bela luz de Marcelo Linhares, pelas projeções no telão – onde são expostas imagens do acervo pessoal da família Ramil e desses 50 anos de trajetória profissional – e sobretudo pelo afeto que rege a relação dos irmãos.
Tanto Kleiton quanto Kledir têm trabalhos individuais, mas o Brasil os percebe como dupla. Com abordagem mais pop da música sulista, mas sem renegar o folclore e as tradições gaúchas, a dupla Kleiton & Kledir foi formada em 1979, ano em que Maria Fumaça (Kledir Ramil e Kleiton Ramil, 1979) entrou em circulação em festival da TV Tupi na sequência da dissolução do grupo Almôndegas (reativado em 2023 e com registro audiovisual de show à espera de edição pela gravadora Biscoito Fino).
No sedutor show do Terças do Ipanema, bem-sucedido projeto com o qual a curadora Flávia Souza Lima reanimou a vocação do Teatro Ipanema para shows de música, Kleiton & Kledir fizeram Maria Fumaça apitar no bis, como aperitivo do roteiro aberto com Couvert artístico (1981), vivaz tema instrumental no qual o autor Kleiton Ramil expôs a habilidade no toque do violino.
Kledir fez piada com o íntimo formato acústico do show, calcado nos violões dos irmãos. “É a Orquestra Filarmínima”, brincou o irmão caçula da dupla, dando a pista da leveza que pautou a apresentação da última terça-feira, 16 de setembro.
Foi nesse clima de intimidade com a plateia que Kleiton & Kledir iluminaram Estrela estrela (1981) – joia de delicadeza melódica e poética do cancioneiro do outro irmão Vitor Ramil – e reviveram hits próprios como Fonte da saudade (Kledir Ramil, 1980), Nem pensar (Kleiton Ramil e Kledir Ramil, 1983) e, claro, Deu pra ti (Kledir Ramil e Kleiton Ramil, 1981), música animada e infalível no fecho dos shows da dupla.
Com Noite de São João (Kledir Ramil e Pery Souza, 1981), os irmãos atiçaram memórias afetivas e musicais da infância e adolescência vividas em Pelotas (RS) ao redor de uma fogueira.
A maior surpresa do roteiro de hits foi Androginismo (Kledir Ramil, 1978), música lançada no quarto e último álbum do grupo Almôndegas, Circo de marionetes (1978), e reavivada recentemente na cena queer ao ganhar camadas em registros como os feitos pelo grupo Chicas e pelo cantor Almério em 2009 e 2020, respectivamente.
Na parte solo de Kledir, o cantor reacendeu Paixão (Kledir Ramil, 1981) sem explorar o teor de sensualidade da letra. Já Kleiton brilhou no set individual, iniciado com medley de temas como Felicidade (Lupicínio Rodrigues, 1947) e Prenda minha (tema tradicional gaúcho).
O pico de emoção do show foi quando Kleiton deu voz à canção fraterna Corpo e alma (1983), versão de Kledir para Bridge over troubled water (Paul Simon, 1970), standard solidário da dupla norte-americana Simon and Garfunkel. Kledir entrou no palco e ficou ao lado de Kleiton, fazendo breve intervenção vocal no número, declaração de amor de irmão para irmão.
Foi essa afetividade que embasou o feliz show de Kleiton & Kledir no Teatro Ipanema, palco de grande momentos da dupla no início da brava trajetória de 50 anos.